quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Fica aqui um primeiro esboço para a minha mais recente criação: JÁ DIZIA O OUTRO, O Livro. Uma compilação de vários textos. Uns recentes, outros antigos. Reconstruções de textos da sátira "Os Magos do Social", etc.

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

“FÉRIAS PARA DESCANSAR? MENINO!”

Longe vão os tempos em que, nos últimos cartuchos do ano lectivo, pensávamos que nos poderíamos ver livres dos nossos colegas por algum tempo. Quem diz colegas, diz pessoas e amigos com quem convivíamos durante todo o ano. É normal. Uma pessoa começa a ter barba e passa a ter programas com esses mesmos amigos numa casa de férias alugada. Mas a nossa geração é uma 
geração muito marcada pela falta de ócio e incúria. Principalmente nas férias. Está para ser descoberta a explicação científica para a pergunta: “Como é que um T1 leva 40 pessoas?”. Os investigadores dizem que pode demorar algum tempo mas a resposta há-de chegar.

Todos os dias há que fazer compras. O dia começa às 16h e acaba às 10h do dia seguinte. É o chamado horário de Verão. Coisa que os pais nunca vão compreender. Muito menos os avós. Pelas 18h, depois de duas horas árduas na praia, começa-se a pensar no jantar e no que fazer. Toca a distribuir tarefas. É como se o dado estivesse viciado. É sempre o mesmo desditoso a ir às compras e é sempre o mesmo grupo de raparigas na cozinha. Tal como é sempre o mesmo gajo no Puff à espera da chamada: “Jantaaar”. Já foi uma vez referido mas vale a pena relembrar: o desgraçado que vai ao supermercado, se for sozinho, não tem outro remédio se não enfiar um pacote de Belgas no meio das 7 garrafas de vodka e dos 5 sumos de limão para não parecer mal à senhora da caixa.

Longe vão os tempos em que acordar cedo para ir para a praia era o nosso maior deleito. Ao som da voz suave e do tom brando da nossa mãe e do toque ligeiro do nosso pai nos nossos ombros. Quanto muito, aquilo que pode acontecer hoje em dia o mais semelhante a tal acontecimento nostálgico é um bramido do nosso “compincha” a queixar-se da bruta ressaca que aguenta na cabeça e um toque feroz de um amigo que dormiu ao nosso lado que tem espasmos nocturnos. Há 5 quartos e 10 camas. Sendo que são 40 convidados, os sofás nunca foram tão idolatrados como hoje em dia. E o chão? Que amigo tão simpático. Todos os dias se acorda com a famosa “cara de ontem” e assim permanecemos até à noite. Há quem diga que dormir é para meninos e por isso todos aqueles que fecham os olhos entre as 8h e o meio-dia são mal vistos pela sociedade juvenil.

Depois de uma semana em que “dormir” é claramente uma palavra que não consta nos dicionários, chega a semana de férias com os pais. Primeiro impacto? O mesmo de sempre: “Deves ter adorado. Olha-me para essa cara”. Isto da parte do pai porque o discurso da mãe não tem nada que enganar: “Eu imagino. Eu imagino a tua semana”. Há toda uma desintoxicação que é feita pelos pais. A começar pela comida......e pela bebida. Jantar fora? Sim. Pago pelos progenitores. “O que é que queres beber filho? Queres uma imperial ou uma garrafinha pequena de Mateus a dividir comigo e com a mãe?” Lá aparece aquele arroto indeciso que faz sempre questão de cumprimentar a família seguido de um: “Fico-me pela Coca-Cola, obrigado”. Toda esta semana com a família é como uma injecção de soro no nosso organismo. O problema é que, cada vez menos, há férias em família. As semanas no T1 alugado estão à frente. Praia? Muitos nem a vêem. Noite? Todos a querem. Engates? Todos o procuram. Uns acertam, a outros faz ricochete, mas se calhar não entrava por aí. Acho que me fiz entender.

Ora bem....poucas horas de sono, álcool, paixonetas, noite, praia, acho que está tudo. Ah, quase me esquecia: a chamada telefónica dos pais a meio “dessa” semana. Das duas uma, ou tens sorte com os amigos e podes falar no meio do grupo, ou deslocares-te uns 20 passos para o lado não é uma má ideia. Este tipo de semanas não acontece a todos mas há uma coisa comum a todos os mortais. Uma pessoa chega a Setembro a pensa: “Onde é que elas estão?” Sim, as férias.

GC