quinta-feira, 1 de setembro de 2011

PRAZER.

Sempre me disseram que dormir fazia crescer. Se calhar foi daí que apanhei o jeito. Sou viciado na arte do dormitar embora continue pequeno. No entanto, agora acordar cedo faz parte da minha rotina. É um desafio. Sou um eterno apaixonado pelo mundo da rádio. Aqui consigo reunir, numa só coisa, os maiores prazeres da minha vida: música, humor, escrita, locução e comunicação. É pena não conseguir juntar-lhe a culinária. Às tantas, com a rapidez com que as coisas vão evoluindo, qualquer dia estou a fazer menus de degustação on air. A ver vamos. Para mim, não há melhor coisa do que começar o dia a rir.
Este sou eu. Pequeno mas com um elevado grau de "qualquer coisa que até agora não me lembrei de escrever". Prazer. GC

URBANO-DEPRESSIVO

Pelo nome se calhar não estás bem a ver o que é. Mas se prestares atenção àquilo que eu te vou contar, o caso vai mudar de figura. Ora vamos aqui analisar esta espécie em crescimento demográfico exponencial.

Numa linguagem entre amigos são chamados os “entalados da vida”. Tudo pode estar a correr bem que eles estão sempre importunados e consumidos com alguma coisa. Mas é interessante reparar que as chatices dos urbano-depressivos raramente ou nunca estão relacionadas com problemas económicos ou políticos. São mais questões existenciais. Galgam de um problema para o outro. A sua vida é um constante saltar de crise em crise. A maior parte delas têm a ver com a sua própria pessoa.
Músicas felizes? Não podem nem sequer cheirar. A felicidade irrita este tipo de pessoas. A sua depressão é alimentada por músicas que a maior parte das pessoas…… NÃO OUVE por muito mal que esteja. Se me perguntarem o que me vem à cabeça quando penso neste tipo de pessoas só me ocorre uma imagem a preto e branco de um eléctrico parado. Porquê? Não sei, ainda estou para descobrir.
Eles estão contra tudo sem saber bem como. O histórico amoroso é atestado por relações falhadas. Umas atrás das outras. Há sempre questões por resolver, mas sempre da parte deles, porque dos outros…está tudo resolvido. O urbano-depressivo precisa sempre de tirar um tempo para pensar…para curtir o “estar mal”. Quando algo sai errado, quando certas coisas não correram como o previsto, pensam sempre como é que contribuíram para aquilo acontecer.
Os pequenos prazeres da vida são perda de tempo. “Estou mal e adoro mostrá-lo. Se não me apetecer falar muito sobre isso, as minhas roupas dizem tudo”. Nada é fantástico, nada sabe bem. Gostam de conviver com pessoas que estejam ainda pior. Mas calma, o estar mal não está relacionado com o acto de chorar. Eles não choram. Não vá a lágrima ser de felicidade e isso é coisa de gente que vai ao cinema acompanhada.
A sua ocupação principal é nada mais, nada menos do que pensar e lamentar. Se saem à noite? Sim, pouco e sozinhos. Ou então, o mais frequente é ficarem em casa, igualmente sozinhos. Barulho? Apenas o da televisão ligada ao longe e da garrafa a bater no copo ao enchê-lo. Já alguém dizia e cito: “Serem denominados de alternativos enche-os de orgulho. A sua cidade de eleição é Budapeste, pela sobriedade da mesma. Perfume de eleição? Não têm, não usam, é coisa de gente pop.” O urbano-depressivo é um ser aborrecido. Os seus melhores amigos são os cigarros que têm à mão.

Nunca se consegue manter um diálogo normal com um urbano-depressivo. Se os temas girarem à volta do “copo meio vazio ou meio cheio” eles vão sempre dizer que o copo está TODO vazio. GC